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Freepik imagem: Família olhando um para o outro.

A preocupação cada vez maior com a saúde mental dos jovens certamente ressalta a necessidade de um acompanhamento atento dos pais. Com a celebração do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio em 10 de setembro, inaugurando a campanha Setembro Amarelo, é crucial que os pais estejam vigilantes aos sinais que sugerem que seus filhos podem estar passando por dificuldades emocionais. A ausência de sono e a insônia, comumente provocadas por estresse, pressões sociais e acadêmicas, são problemas que necessitam de uma atenção especial. A seguir, examinamos como os pais podem reconhecer esses indícios e fornecer o apoio requerido.

Compreendendo o Papel dos Pais na Saúde Mental dos Jovens

Conforme a psicóloga Danielle H. Admoni, professor de Psiquiatria Geral e da Infância e Adolescência na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM), afirma que muitos pais associam os sintomas de angústia mental às transformações típicas da adolescência. Frequentemente, os pais subestimam ou não notam indícios de problemas sérios, resultando em intervenções tardias e ineficientes. Assim, é crucial que os responsáveis entendam os sinais mais comuns de alerta e saibam quando procurar auxílio.

Principais Motivações e Sinais de Alerta

  1. Tentativas Prévias: Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), indivíduos que já tentaram suicídio apresentam uma chance de 5 a 6 vezes maior de tentar novamente. Ademais, aproximadamente 50% das pessoas que se suicidaram já haviam tentado antes. Isso ressalta a relevância de acompanhar qualquer registro de tentativas de suicídio, uma vez que pode sinalizar um risco significativo.
  1. Transtornos Mentais: A Organização Mundial da Saúde indica que 97% dos indivíduos que tiraram a própria vida possuíam algum transtorno mental, frequentemente não diagnosticado ou mal tratado. Doenças como depressão, transtorno bipolar, distúrbios de personalidade, esquizofrenia e transtorno de ansiedade generalizada são comumente ligadas ao comportamento suicida. Pesquisas, como a conduzida pela Universidade de East Anglia, indicam que os sintomas de ansiedade social podem estar fortemente ligados a pensamentos de suicídio e depressão. A visão e a ação dos pais são fundamentais para o bem-estar mental dos filhos.
  1. Bullying: O bullying, tanto físico quanto psicológico, pode provocar dor e ansiedade consideráveis. No que se refere ao cyberbullying, a impunidade do agressor pode intensificar a violência do ataque. De acordo com a psicóloga Monica Machado, as pessoas que sofrem bullying muitas vezes sentem vergonha de relatar suas vivências. É importante que os pais fiquem alertas a sinais como tristeza constante, resistência em ir à escola, isolamento, irritabilidade, apatia, lágrimas abundantes e baixa autoestima do jovem, que podem sugerir que ele está sofrendo bullying.

Sinais Comportamentais a Observar

  1. Mudanças no Sono e no Apetite: Monica Machado, psicóloga, esclarece que alterações significativas no padrão de sono, tais como insônia ou hipersonia (sono excessivo), além de mudanças no apetite, podem indicar questões emocionais. Se o adolescente estiver consumindo mais ou menos do que o habitual, isso pode sinalizar um distúrbio alimentar.
  1. Queda no Rendimento Escolar: Uma queda no rendimento escolar pode indicar claramente que algo não vai bem. Por exemplo, a depressão pode interferir na rapidez e nitidez do raciocínio, bem como na habilidade de concentração, resultando em uma diminuição no desempenho escolar.
  1. Automutilação: Danielle Admoni, psiquiatra, nota que aproximadamente 70% dos jovens que se automutilam acabam cometendo ao menos uma tentativa de suicídio. Geralmente, a autolesão está associada à incapacidade de controlar as emoções, servindo como um meio de manifestar angústia psicológica.
  1. Comentários Negativos e Pessimistas: Expressões como “a vida não tem sentido” ou “não consigo encontrar uma solução para os meus problemas” devem ser encaradas seriamente. A sensação de desequilíbrio emocional pode desencadear atitudes violentas, particularmente em jovens que já possuem predisposição para tais comportamentos, especialmente quando confrontados com frustrações.
  1. Dores e Alterações no Organismo: Sintomas físicos recorrentes, tais como dores nas costas e nas articulações, complicações gastrointestinais, fadiga intensa e mudanças na atividade psicomotora, podem indicar distúrbios emocionais, como a depressão.

Medidas a Serem Tomadas

Perante tais indícios, o primeiro passo deve ser procurar auxílio de especialistas em saúde mental. O tratamento pode abranger terapia e, em determinadas situações, medicamentos, dependendo do diagnóstico. Apesar do suporte familiar ser fundamental, ele não supre a demanda por assistência médica e terapêutica especializada.

A Importância do Apoio Familiar

Para além do apoio profissional, é essencial estar disponível para o seu filho. Monica Machado, psicóloga, destaca a importância de ser acessível e proporcionar um ambiente seguro. É essencial evitar julgamentos apressados e entender que estresses e dificuldades podem elevar a probabilidade de problemas emocionais para auxiliar seu filho a lidar com esses obstáculos.

Caso esteja passando por um sofrimento intenso, não hesite em procurar auxílio. O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode ser contatado através do número 188, enquanto serviços de saúde mental estão disponíveis em Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no Sistema Único de Saúde.

Com a consciência correta e a ação adequada, podemos proporcionar o apoio necessário para que os jovens superem desafios emocionais e construam um futuro mais saudável e harmonioso.

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